A apneia obstrutiva do sono (AOS) é um distúrbio com alta prevalência e graves consequências, incluindo sonolência diurna, distúrbios metabólicos e cardiovasculares. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de um programa de treinamento de exercícios individualizados, com sessões educacionais, em comparação com sessões educacionais isoladas, nos marcadores de gravidade da apneia ao longo de oito semanas, ou seja conhecer os impactos de um protocolo de exercício na apneia obstrutiva do sono, quando comparado a implementação somente de métodos educacionais.
Fizeram parte do estudo 54 pacientes, com idade entre 30 e 65 anos, com apneia obstrutiva do sono moderada a grave, baixo nível de atividade física e índice de massa corporal (IMC) inferior a 40 kg/m². Foram excluídos do experimento pacientes tratados para condição, índice de massa corporal igual ou superior a 40 kg/m², que possuíam doenças cardiovasculares instáveis que impediam o treinamento físico e usuários de medicamentos que interferem na arquitetura e continuidade do sono e o funcionamento durante o dia.
Os pacientes foram divididos em dois grupos, de intervenção (IG) e de controle (CG). O grupo intervenção foi submetido a um programa de exercício intervalado de alta intensidade e sessões educacionais, já o grupo controle, foi submetido apenas às sessões educacionais. O experimento durou 8 semanas. Todos os participantes foram submetidos a polissonografia (PSG), teste de latência múltipla do sono, teste de esforço com carga constante (mantida em 80% da capacidade máxima de trabalho determinada anteriormente em ergometria incremental), coleta de amostras de sangue e preenchimento de questionários antes e após o período de intervenção.
O grupo intervenção passou pelo programa que exercício intervalado de alta intensidade, realizado com três sessões por semana, de 120 minutos. O programa foi composto por aquecimento (15 minutos), treino de endurance (45 minutos) e de resistência (30 minutos), alongamento (15 minutos) e exercícios posturais e de equilíbrio (15 minutos). Um aumento gradual na intensidade do exercício foi realizado ao longo do programa de oito semanas para limitar o risco de lesões. O treinamento de resistência consistia em exercícios para os membros inferiores em um cicloergômetro, com intensidade moderada determinada pela frequência cardíaca em 60%.
Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos em relação às mudanças no índice de apneia-hipopneia. No entanto, o treinamento físico regular resultou em uma redução significativa da gravidade da AOS, especialmente durante o sono REM. Isso é importante porque a apneia durante o sono REM está associada a um maior risco de problemas cardiovasculares e metabólicos. Além disso, houve melhora na resistência ao exercício e a tolerância ao esforço, o que se torna relevante diante da capacidade aeróbica reduzida dos pacientes com AOS, que tendem a ser menos ativos fisicamente. O estudo também identificou subgrupos de pacientes que tiveram maiores melhorias com o treinamento físico. As mulheres apresentaram a maior redução na gravidade da apneia e os pacientes obesos, não sonolentos, com AOS moderada e com mais de 55 anos, também tiveram benefícios significativos.
Pode-se concluir, então, que em pacientes adultos com apneia obstrutiva do sono moderada a grave, o programa de treinamento de exercícios individualizados não reduz o índice de apneia-hipopneia em comparação com o grupo de controle, mas melhorou os marcadores de gravidade da doença, principalmente o índice de apneia-hipopneia durante o sono REM e a sonolência diurna objetiva. Portanto, a adição de exercícios personalizados intervalado e de alta intensidade em programas de exercícios para pacientes com apneia obstrutiva do sono deve ser considerada.
