Efeitos de um programa de exercícios de resistência e aeróbicos na força muscular e qualidade de vida em sobreviventes de câncer de mama

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O número de sobreviventes de câncer de mama que sofrem com os efeitos colaterais do tratamento (como perda de massa muscular e força muscular, mobilidade e incapacidade dos membros superiores, linfedema, toxicidade cardíaca e redução da qualidade de vida) está aumentando a cada ano. Essas consequências podem ser melhoradas por meio do exercício, especialmente quando são combinados treinamento de resistência e aeróbico.

O objetivo deste estudo, publicado pelo Journal of Cancer Survivorship, em 2022, foi avaliar o efeito de um programa de exercícios de resistência supervisionados por 12 semanas, combinados com exercícios aeróbicos em casa, em comparação com apenas a prática de exercícios aeróbicos, na força muscular e em vários aspectos da qualidade de vida relacionados à saúde em sobreviventes de câncer de mama.

O estudo foi realizado em dois grupos, nos quais 60 mulheres sobreviventes de câncer de mama, que completaram tratamentos centrais da doença nos últimos 5 anos, foram divididas. O grupo de treinamento resistido (GTR) realizou um total de 24 sessões progressivas de treinamento de resistência (2 semanas de treinamento individual e 10 semanas de treinamento em microgrupos) e foi orientado a dar 10.000 passos por dia e o grupo controle (GR) a dar apenas 10.000 passos por dia.

As participantes do GTR realizaram duas sessões de treinamento de resistência por semana (com um intervalo de recuperação de 24 – 48 horas entre as sessões) durante 12 semanas (um total de 24 sessões de 60 minutos), divididas em duas fases. A fase 1, de familiarização, incluiu duas sessões individuais por semana durante duas semanas, onde o profissional de exercícios determinou as necessidades e limitações individuais e as participantes aprenderam padrões de movimento básicos. A fase 2 incluiu duas sessões de treinamento em grupo (com quatro a seis participantes) por semana, que incluíram uma parte preparatória (aquecimento) com atividade aeróbica, exercícios de mobilidade e estabilidade, uma parte principal composta por treinamento resistido em circuito e uma parte de resfriamento com alongamento, durante 10 semanas. O nível inicial de cada participante foi estabelecido levando em consideração sua força muscular inicial e o trabalho realizado individualmente durante a fase 1.

As principais descobertas deste estudo indicam que, em mulheres sobreviventes de câncer de mama que completaram seus tratamentos principais nos últimos 10 anos, a adição de duas sessões semanais de treinamento resistido supervisionado a um programa de atividade física baseado em contagem de passos realizado em casa durante 12 semanas resultou em um grande aumento na força muscular do corpo inteiro, tanto na parte superior quanto inferior, embora outros resultados relevantes, como fadiga relacionada ao câncer, sintomas depressivos, qualidade de vida relacionada à saúde ou satisfação com a vida, não tenham melhorado substancialmente.

A intervenção de treinamento não conseguiu melhorar a aptidão cardiorrespiratória e a mobilidade do ombro. Porém, não foram avaliados outros movimentos que têm sido mostrados eficientes após tratamentos para câncer de mama, como abdução, flexão/abdução e rotação externa. Em relação à fadiga relacionada ao câncer, os efeitos do treinamento resistido não foram claros. Especula-se que, dentro de três a cinco anos após os principais tratamentos contra o câncer, os níveis iniciais de fadiga relacionada ao câncer possam ter sido reduzidos com o treinamento resistido e, portanto, haveria espaço limitado para melhoria.

Conclui-se que, como a força muscular é um importante preditor de mortalidade em sobreviventes de câncer de mama, esses resultados têm relevância clínica e essa intervenção deve ser replicada com um acompanhamento mais longo para determinar em que medida esses ganhos estão relacionados ao aumento simultâneo da massa muscular e óssea, e determinar a quantidade de exercício que proporciona os maiores benefícios para esta população. Os resultados relatados podem exigir uma intervenção mais longa ou um período de acompanhamento maior, ou ainda a combinação do treinamento resistido com dieta, exercícios aeróbicos ou outras intervenções (por exemplo, psicológicas) para promover mudanças na sintomatologia destas mulheres.

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Educação Física e Saúde

Referência bibliográfica

SORIANO-MALDONATO, A. et al. Effects of a 12-week resistance and aerobic exercise program on muscular strength and quality of life in breast cancer survivors: Study protocol for the EFICAN randomized controlled trial. Journal of Cancer Survivorship, 2019.

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Exemplo: Graduação em educação física e saúde pela Universidade de São Paulo (USP)