A dor crônica no pescoço é um problema comum, afetando uma parcela significativa da população. Exercícios para a região cervical têm sido reconhecidos como um tratamento eficaz para essa condição, mas a adição de terapia manual na região cervical superior ainda é pouco estudada.
Este estudo tem como objetivo comparar os efeitos de um protocolo de exercícios cervicais, com e sem terapia manual, em pacientes com dor crônica no pescoço e disfunção na região cervical superior, visando melhorar a função e reduzir os sintomas.
Foram avaliados 58 participantes com idade superior a 18 anos. Os critérios de inclusão foram: diagnóstico médico de dor crônica no pescoço que persistia por mais de 3 meses; resultado positivo no teste de flexão-rotação (menos de 32° ou uma assimetria de 10° ou mais entre os lados); incapacidade de passar para o estágio 2 (24 mmHg) no teste de flexão crânio-cervical; hipomobilidade em um ou mais segmentos (C0-1, C1-2, C2-3) observada por meio de avaliação manual.
O estudo, que durou 4 semanas, utilizou dois grupos experimentais: o grupo de exercício e o grupo de terapia manual + exercício. No grupo de exercício, os participantes receberam uma sessão de exercícios por semana, com duração de 20 minutos, durante quatro semanas consecutivas. O programa incluía contração dos músculos flexores profundos e globais do pescoço. Além disso, foram realizados exercícios em diferentes posições e com resistência externa progressiva. Os participantes também foram incentivados a realizar exercícios em casa diariamente, entre duas e cinco vezes ao dia.
No grupo de terapia manual + exercício, além do programa de exercícios, foram aplicadas técnicas de terapia manual, como manipulação de alta velocidade e baixa amplitude e/ou mobilização de baixa velocidade e alta amplitude da coluna cervical superior. As técnicas de terapia manual foram adaptadas de acordo com as necessidades clínicas de cada paciente, visando restaurar a mobilidade das articulações cervicais superiores.
As avaliações foram realizadas antes do início da intervenção, após o término e em dois acompanhamentos de seguimento: três meses e seis meses após a intervenção. As ferramentas de avaliação incluíram questionários de incapacidade cervical, testes de flexão-rotação, testes de flexão crânio-cervical, escala analógica visual de dor e limiar de dor à pressão.
Os principais resultados demonstraram que a adição da terapia manual a um programa de exercícios foi mais eficaz do que apenas o programa de exercícios no tratamento da dor crônica no pescoço e restrição de rotação superior. Em termos de incapacidade do pescoço, os pacientes que receberam a terapia manual apresentaram melhorias mais significativas na escala de incapacidade em comparação ao grupo que realizou apenas exercícios.
A percepção de melhora dos pacientes também foi maior no grupo que recebeu a terapia manual. Os participantes relataram uma melhora em sua percepção geral em comparação ao grupo que realizou apenas exercícios. Em relação à amplitude de movimento cervical superior, os pacientes que receberam a terapia manual mostraram melhorias significativas no teste de flexão-rotação em comparação ao grupo de exercícios. Isso indica que a terapia manual teve um impacto positivo na mobilidade da região cervical superior, permitindo uma maior amplitude de movimento e rotação. Além disso, o grupo que recebeu a terapia manual experimentou uma redução significativa na intensidade da dor, conforme avaliada pela escala analógica visual.
Os limiares de dor à pressão também melhoraram significativamente no grupo que recebeu a terapia manual. Isso indica que a terapia manual teve um efeito analgésico, aumentando a tolerância à dor nos pontos de pressão avaliados.
Conclui-se que adicionar terapia manual a um programa de exercícios foi mais eficaz do que apenas aplicar o programa de exercícios para pacientes com dor crônica no pescoço e restrição da rotação superior.
Aplicações práticas: a inclusão da terapia manual em um programa de tratamento para pacientes com dor crônica no pescoço e restrição de rotação superior deve ser considerada e indicada, já que pode ser mais efetiva em melhorar os sintomas e a função nessas condições. Ressalta-se aqui a importância de um profissional treinado e habilitado para aplicação de terapia manual.
