Comparação entre exercícios de controle motor com e sem intervenção neurodinâmica no tratamento da dor lombar e radiculopatia

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A dor lombar é uma condição comum que causa impacto significativo em termos de dor e incapacidade. Muitas pessoas com dor lombar também experimentam os sintomas de radiculopatia lombar, que incluem dor irradiada e sintomas radiculares que podem afetar os membros inferiores. O tratamento da dor lombar e da radiculopatia lombar inclui várias estratégias, como cirurgia, terapia manual, exercícios, entre outros. Entre as abordagens de terapia manual, a mobilização neurodinâmica é uma técnica que pode ser usada para tratar pacientes com radiculopatia lombar.

O objetivo deste estudo foi investigar os efeitos da adição da mobilização neurodinâmica a um programa de exercícios de controle motor na dor, incapacidade e sensibilidade à pressão em indivíduos com radiculopatia lombar. Foram avaliados 32 indivíduos, de 18 a 60 anos. Os critérios de inclusão para participação no estudo foram: ter hérnia de disco entre os níveis L4-S1, confirmada em ressonância magnética; apresentar dor irradiada da lombar para um dos membros inferiores, incluindo o pé; ter tido dor por pelo menos 3 meses; ter aumento da dor na perna ao tossir, espirrar ou fazer esforço; ter um teste de elevação reta da perna positivo com reprodução dos sintomas entre 40 e 70 graus.

Os participantes foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos: o grupo de controle motor, que recebeu apenas o programa de exercícios de controle motor, e o grupo de controle motor mais neurodinâmico, que recebeu o programa de exercícios de controle motor juntamente com a intervenção neurodinâmica. A duração total do estudo foi de 8 semanas. Ambos os grupos receberam 8 sessões do programa de exercícios de controle motor, com duração de 30 minutos cada, duas vezes por semana, durante 4 semanas. Além disso, o grupo de controle motor mais neurodinâmico recebeu a intervenção de mobilização neurodinâmica do nervo ciático por deslizamento em 3 séries de 10 repetições, antes de cada sessão de tratamento.

As avaliações foram realizadas em quatro momentos: no início do estudo, após quatro sessões de tratamento (meio do acompanhamento), após a conclusão do programa (acompanhamento imediato) e 2 meses após a última sessão (acompanhamento). Um avaliador cego às alocações dos grupos realizou todas as avaliações.

As ferramentas de avaliação incluíram a intensidade da dor nos membros inferiores, avaliada por meio de uma escala numérica de dor (NPRS); a presença de sintomas e sinais neuropáticos, avaliados pela escala de Sintomas e Sinais Neuropáticos de Leeds (S-LANSS); o grau de incapacidade, medido pelo Questionário de Incapacidade Roland-Morris (RMDQ); o teste de elevação da perna reta; e a sensibilidade à dor, por meio da avaliação dos limiares de dor à pressão (PPTs).

Os principais resultados demonstraram que não houve diferença significativa nos resultados entre o programa de exercícios de controle motor isolado e o programa que adicionou a técnica de neurodinâmica aos exercícios. Ambos os grupos experimentaram melhorias na dor nas pernas, nos sintomas neuropáticos (associados aos nervos, como formigamento ou queimação) e na sensibilidade mecânica ao longo do tempo. No entanto, foi observado que os pacientes que receberam a intervenção neurodinâmica apresentaram uma redução maior nos sintomas neuropáticos. Além disso, esses pacientes também tiveram uma melhora na sensibilidade neural, medida por meio do teste em que a perna foi elevada. É importante ressaltar que as diferenças observadas foram relativamente pequenas e talvez não tenham um impacto clínico significativo.

Conclui-se que a adição da intervenção neurodinâmica aos exercícios de controle muscular não resultou em melhorias significativas na dor, função ou sensibilidade à pressão dolorosa em pessoas com dor lombar, hérnia de disco confirmada e radiculopatia em relação à intervenção com exercícios de controle motor isolado. No entanto, os pacientes que receberam a intervenção de controle motor e mobilização para hérnia de disco experimentaram uma redução um pouco maior nos sintomas neuropáticos e uma melhora na sensibilidade neural.

Aplicação prática: Os exercícios de controle motor aplicados a pacientes com hérnia de disco e dor irradiada são eficientes e devem ser aplicados visando melhorias na dor e nos sintomas neuropáticos associados, como formigamento ou queimação e na sensibilidade mecânica ao longo do tempo. Já a intervenção neurodinâmica pode ter algum benefício adicional no tratamento da dor lombar associada à hérnia de disco e radiculopatia. No entanto, quando aliamos os exercícios de controle motor e mobilização para hérnia de disco observamos que esses benefícios foram relativamente pequenos e podem não ter um impacto clínico significativo.

Conheça mais sobre o impacto dos exercícios de controle motor em pacientes com hérnia de disco

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Educação Física e Saúde

Referência bibliográfica

PLAZA-MANZANO, G. et al. Effects of Adding a Neurodynamic Mobilization to Motor Control Training in Patients With Lumbar Radiculopathy Due to Disc Herniation: A Randomized Clinical Trial. American Journal of Physical Medicine & Rehabilitation. vol.99, n. 2, p.124-132, 2020.

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Exemplo: Graduação em educação física e saúde pela Universidade de São Paulo (USP)