A pandemia da COVID-19 causada pelo vírus SARS-CoV2 trouxe muitas modificações no cotidiano da população sendo uma das principais o uso de máscara na tentativa de impedirmos a propagação da doença. Para atividades como exercícios físicos, esportes e canto, o uso de máscaras precisa ser estudado para saber se as consequências dessa adaptação podem ser negativas a saúde pulmonar ou cardíaca. Pensando na prática de atividade física e o uso de máscara, o objetivo deste estudo foi, então, avaliar os efeitos do uso de máscaras cirúrgicas e FFP2/N95 na capacidade cardiopulmonar e no incômodo dos indivíduos. As máscaras escolhidas para o teste foram aquelas mais utilizadas pela população no geral.
O ensaio foi feito em 2020, em Leipzig, com 12 homens jovens fisicamente ativos e saudáveis que fizeram 3 testes: sem máscara, com máscara cirúrgica e com máscara FFP2/N95. Houve intervalo de 48 horas entre os testes. O teste incremental em bicicleta ergométrica semi inclinada começava em 50W e aumentava mais 50W a cada 3 minutos, até que o participante chegasse à exaustão.
Antes da avaliação foram feitos exames físicos, testes de parâmetros vitais e um eletrocardiograma de repouso. Durante o teste utilizaram o ergoespirômetro e a cardiografia por impedância para medidas de débito cardíaco (DC), volume sistólico (VS), frequência cardíaca (FC), volume de oxigênio máximo (VO2máx) e ventilação por minuto (VE), propriedades da função cardiopulmonar. Para avaliação da satisfação do uso de máscara foi aplicado um questionário com seções de perguntas sobre conforto e desconforto ao vestir a mesma.
Os principais resultados dos testes com máscara foram a diminuição significativa da função pulmonar e da ventilação. Na questão cardíaca não houve alteração considerável no volume sistólico e débito cardíaco. Sobre o incômodo com as máscaras, os participantes demonstraram mais desconforto, principalmente para o modelo FFP2/N95 comparado ao do tipo cirúrgica.
Concluiu-se que as máscaras hospitalares (cirúrgicas e FFP2/N95), as mais recomendadas para um cenário pandêmico como esse, podem trazer consequências preocupantes para indivíduos com ocupações fatigantes, abrindo caminho para mais estudos focados em alternativas de manter indivíduos praticantes de atividade física protegidos em meio a pandemia sem que a saúde pulmonar deles seja comprometida durante a realização do exercício. Alerta-se aos profissionais de saúde, também uma maior preocupação frente a esses resultados quando lidamos com populações com problemas cardiovasculares uma vez que a diminuição da função pulmonar gera um aumento compensatório na frequência cardíaca a fim de manter os níveis de oxigenação satisfatórios.
É importante ressaltar que esse artigo foi produzido antes de junho de 2020 e trabalhou com uma amostra composta apenas por jovens saudáveis do sexo masculino, por isso, os dados encontrados aqui não poderiam ser extrapolados para a população geral, mas servir como iniciativa de maiores investigações visando a saúde e o bem-estar de todos visto as preocupações apontadas sobre a atividade física e o uso de máscara.
Acompanhe-nos também no Instagram