O câncer de mama é um dos cânceres mais frequentes nas mulheres e que pode favorecer o desenvolvimento de sérias comorbidades em quem sobrevive à doença, como a sarcopenia (perda de massa muscular), a osteoporose e as doenças cardiovasculares, fatores que diminuem a qualidade de vida e que muitas vezes são consequências do tratamento agressivo da quimioterapia, radioterapia ou terapia endócrina.
Em condições de obesidade e estilo de vida inativo os efeitos negativos do câncer são agravados ainda mais. Assim, este estudo buscou avaliar o exercício aeróbio combinado com o de resistência na melhora da aptidão física, saúde óssea e qualidade de vida em uma amostra etnicamente diversa, fisicamente inativa e com sobrepeso ou obesidade.
Participaram do estudo 100 mulheres que já tinham terminado sua quimioterapia ou radioterapia há menos de 6 meses, com estágio do câncer de mama de 0-III, não fumantes, fisicamente inativas (menos de 60 minutos de exercício/semana), IMC ≥ 25Kg/m2 ou gordura corporal maior que 30% e circunferência da cintura maior que 88 cm. As integrantes do ensaio foram divididas em grupo controle e grupo intervenção aleatoriamente.
A intervenção foi feita através de um programa de exercícios tendo como base a Sociedade Americana de Câncer (ACS) e o Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM) que recomendava 150 minutos de exercício aeróbio e 2 a 3 dias de treinos de resistência por semana. Medidas de qualidade de vida, fadiga e risco de depressão foram avaliadas por meio de questionários.
Já o estudo contou com 3 dias de treinos por semana sendo os dias 1 e 3 de treino de resistência mais o aeróbio, somando 80 minutos, e o dia 2 com treino aeróbio por 50 minutos. Os exercícios resistidos eram realizados em sequência e sem intervalo compostos por: leg press, chest press, afundo, remada sentado, extensão de pernas, extensão de tríceps, flexão de pernas e rosca de bíceps. A carga e volume de exercícios resistidos iam aumentando gradualmente conforme o desenvolvimento de cada participante.
Efeito protetor da atividade física pela manhã, tarde e noite contra o câncer de mama e próstata.
O treino aeróbio ocorria após o de resistência e compunha-se de caminhada/corrida, máquina de remo e bicicleta estacionária, com a frequência cardíaca mantida entre 65-80%, e a intensidade e tempo do exercício também aumentava ao longo do estudo visando uma melhora na aptidão cardiorrespiratória.
Os principais resultados do estudo apresentaram uma melhora na qualidade de vida, fadiga, depressão, aptidão cardiorrespiratória, força muscular e níveis de osteocalcina e fosfatase alcalina (biomarcadores de formação óssea) no grupo intervenção em comparação ao grupo controle.
Em conclusão, o artigo evidenciou que a combinação de exercícios aeróbios e resistidos em um treinamento para mulheres sobreviventes ao câncer de mama, de etnia diversificada, pode ajudar na aptidão física e na qualidade de vida, e que programas de treinamento físico que sigam as recomendações da ACS/ACSM devem ser utilizados como estratégia de cuidado para essa população.
