Associação entre internações por Covid-19 e sedentarismo

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A Covid-19 começou na China, na cidade de Wuhan, no final de Dezembro de 2019. Em Março de 2020 foi decretado pela OMS como pandemia mundial. Só no Brasil, até Abril de 2021 foram confirmados mais de 14 milhões de casos, o que causou mais de 378 mil mortes.Dado o alarmante cenário, o estudo se propôs a avaliar se os níveis de atividade física antes e durante a pandemia interferem na prevalência de internação associada ao COVID-19 em sobreviventes infectados. Para isso comparou o número de internações entre indivíduos infectadas com COVID-19 fisicamente ativos e indivíduos que apresentavam níveis de atividade física insuficiente.

Por meio de um estudo feito pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), todos os participantes sobreviventes brasileiros homens e mulheres (de qualquer idade) e totalmente recuperados infectados pelo COVID-19 forneceram um consentimento por escrito online e responderam um questionário online. O link eletrônico do formulário foi divulgado em todo o país através de mídias sociais, noticiários, hospitais, prestadores de cuidados médicos e centros de controle de doenças em algumas cidades. O questionário incluiu perguntas sobre desfechos clínicos (sintomas, medicamentos, internação, tempo de internação hospitalar e ventilação mecânica) e cofatores como idade, sexo, etnia, doenças pré-existentes, status socioeconômico e educacional. A versão curta do Questionário de Atividade Física Internacional (IPAQ) foi utilizada para coletar dados sobre os níveis de atividade física, o IMC foi também mensurado.

Foram selecionados 938 participantes divididos em 2 categorias de acordo com o IPAQ: atividade física suficiente (atleta e fisicamente ativo) e atividade física insuficiente (sedentário). A atividade física suficiente foi considerada quando o participante realizava pelo menos 150 minutos por semana de atividade física moderada e/ou pelo menos 75 minutos de atividade física vigorosa. A atividade física insuficiente foi definida quando os participantes não atenderam a essas recomendações.

Dos 938 pacientes, 91 (9,7%) foram hospitalizados devido a complicações oriundas da infecção por COVID-19. Em comparação entre homens e mulheres, os homens apresentaram maior prevalência de internação, sendo que dos 328 homens selecionados, 43 foram internados e das 610 mulheres, 48 foram internadas. Em relação ao nível de atividade física, apenas 8% das 611 que apresentaram níveis suficientes de atividade física precisaram ser internados em detrimento a complicações causadas pela covid, já entre o grupo com níveis baixos de atividade física (327 pessoas) 12% precisaram de internação. Aqueles que eram mais ativos fisicamente apresentaram menor prevalência de internação por COVID-19. Além disso, realização de duas ou mais atividades físicas demonstrou redução da prevalência bruta de internação em 46,2%.

Os pacientes com mais de 65 anos apresentaram 7 vezes a prevalência de internação em relação aos adultos de 18 a 39 anos. Quando comparados com pacientes com peso normal, aqueles pacientes com sobrepeso e obesidade apresentaram maior prevalência de internação entre 83% e 166%. Estudos futuros são necessários para entender melhor os mecanismos envolvidos na atividade física e seus benefícios para pacientes acometidos com COVID-19, além de investigar tais achados também em populações em condição de vulnerabilidade econômica. No entanto, o artigo nos trás um panorama importante sobre a temática, sugerindo que o exercício previne e trata inúmeras complicações associadas ao COVID-19, como distúrbios cardiorrespiratórios, neurológicos e metabólicos, e que de fato devemos nos atentar a menor prevalência de internação em pessoas fisicamente ativas quando comparadas às sedentárias.

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Graduação em Educação Física e Saúde pela Universidade de São Paulo (USP)

Referência bibliográfica

Souza FR, et al. Association of physical activity levels and the prevalence of COVID-19-associated hospitalization. Journal of Science and Medicine in Sport. v. 9 n. 24, 2021.

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