Programa de treinamento de força de alta intensidade e impacto é seguro e eficaz para tratamento de osteoporose em mulheres pós-menopausa.

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A melhor estratégia para estimular uma resposta osteogênica é através de cargas mecânicas que induzem tensões de alta magnitude em altas taxas. Sendo assim, um protocolo que se encaixa nessas características e controla a osteoporose é o treinamento de sustentação de peso de alta intensidade, resistência progressiva e impacto (HiRIT), porém ainda faltam evidências sobre sua eficácia.

O objetivo deste estudo foi observar a eficácia do HiRIT na densidade mineral óssea do colo do fêmur e da coluna lombar em mulheres na pós-menopausa com massa óssea baixa ou muito baixa (osteoporose).

O estudo contou com 86 mulheres na pós-menopausa com mais de 58 anos com baixa massa óssea e que não deveriam ter as seguintes condições: lesão em alguma articulação do membro inferior ou cirurgia, fratura recente (menos de 12 meses) ou dor nas costas localizada, fazer uso de medicamento sem ser para a osteoporose que influenciasse no tecido ósseo, menos de 5 anos pós-menopausa, doença cardiovascular não controlada, comprometimento cognitivo, contraindicação para participar de atividades físicas pesadas, condições conhecidas por influenciar a saúde óssea e tratamento recente de raio-X. Foram divididas em dois grupos: o grupo de treinamento de sustentação de peso de alta intensidade, resistência progressiva e impacto (HiRIT) e o grupo controle.

O grupo HiRIT realizou, no primeiro mês, variantes de exercícios com peso corporal e de baixa carga, afim de garantir uma transição segura para o exercício de alta intensidade e ter um bom aprendizado motor. Após este primeiro momento, foram realizados exercícios fundamentais de resistência (levantamento terra, desenvolvimento e agachamento) com cinco séries de cinco repetições com intensidade maior que 80 a 85% de 1RM. Já a carga de impacto foi atribuída através de saltos com barra fixa e aterrissagens.

O grupo controle foi submetido a exercícios em casa de baixa intensidade para melhorar o equilíbrio e a mobilidade. Realizando caminhadas, treinamento resistido de baixa carga (para melhoras no tecido ósseo) e alongamento. Ambos os grupos realizaram essas intervenções durante oito meses com duas sessões por semana de 30 minutos de duração.

As avaliações foram realizadas antes e depois das intervenções. Para medir a densidade mineral óssea do colo do fêmur e da coluna lombar, foi utilizando o raio X de dupla energia (DXA). Também foi observado o volume trabecular e cortical do colo do fêmur, conteúdo mineral óssea trabecular e cortical, densidade mineral óssea volumétrica trabecular e cortical e espessura cortical do colo do fêmur através do software 3D hip.

Quando observamos os resultados, pode-se notar que o grupo HiRIT apresentou uma alteração percentual na densidade mineral óssea na coluna lombar de -3,4% para 12,4%, enquanto o grupo controle teve uma melhora de -6,9% para 5,8%. Além disso, o grupo HiRIT teve apenas 18,6% dos participantes apresentando reduções na densidade mineral óssea da coluna lombar, enquanto no grupo controle foi observado 72,1% dos participantes com redução.

Já na densidade mineral óssea para o colo do fêmur, houve uma melhora no percentual de -6,0% para 6,8% no grupo HiRIT, já o grupo controle apresentou uma melhora de -8,5% para 3,9%. Em relação aos participantes com redução na densidade mineral óssea de colo do fêmur, o grupo HiRIT apresentou 28,8% enquanto o controle 62,8%.

Também foram percebidas melhoras superiores no grupo HiRIT no conteúdo mineral ósseo do colo do fêmur e na espessura cortical dele quando comparado com o grupo controle. Além de melhoras dentro do grupo HiRIT no volume cortical no colo do fêmur. É relevante ressaltar que estes ganhos são de extrema importância para proteção contra fraturas do quadril.

Mesmo ocorrendo apenas um caso adverso no grupo HiRIT, no qual um espasmo na região lombar afastou a participante por apenas duas sessões, pode-se concluir que o treinamento de sustentação de peso de alta intensidade, resistência progressiva e impacto é um programa seguro e eficaz para mulheres na pós-menopausa com massa óssea baixa a muito baixa, apresentando melhoras superiores aos protocolos de baixa intensidade no parâmetro de massa óssea e geometria do colo do fêmur, desta forma, evidenciando sua importância para o tratamento da osteoporose.

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Educação Física e Saúde - Universidade de São Paulo (EACH-USP)

São Paulo,

SP

Referência bibliográfica

WATSON, S. et. al.. High-Intensity Resistance and Impact Training Improves Bone Mineral Density and Physical Function in Postmenopausal Women With Osteopenia and Osteoporosis: The LIFTMOR Randomized Controlled Trial. Journal of bone and mineral research. Estados Unidos, v. 33, n. 2, p. 211-220, 2018.

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Exemplo: Graduação em educação física e saúde pela Universidade de São Paulo (USP)