A dor no joelho afeta múltiplas facetas de qualidade de vida, impede a função física e está relacionada à perda muscular. Esse declínio de massa e força muscular na extensão e flexão do joelho estão associadas à progressão sintomática da artrose (AR) e à redução do estado geral de saúde. Idosos com artrose no joelho podem ter a dor reduzida através do fortalecimento da musculatura da região. Visto o presente cenário o objetivo do estudo foi estabelecer uma comparação entre exercícios de resistência concêntricos ou excêntricos na diminuição de dor e sintomas de pessoas com artrose.
Idosos com artrose no joelho foram recrutados obedecendo os seguintes critérios de inclusão: homens e mulheres de 60 a 85 anos, presença de AR no joelho. Os mesmos responderam ao questionário WOMAC para analise do impacto na qualidade de vida relacionada a dor no joelho. Também foram registradas medidas de composição corporal pré e pós o período de intervenção. Os grupos experimentais foram familiarizados com cada equipamento de exercício e as configurações de cada máquina foram ajustadas individualmente. Quando determinados os valores de força para cada exercício através do teste de 1RM, foi possível estabelecer um cronograma de treinamento, realizado duas vezes por semana nos grupos experimentais.
Os participantes foram aleatoriamente designados para um dos três grupos de estudo: programa de treinamento de exercício de resistência baseado concentricamente (CNC RT) que contava com 14 pessoas, programa de treinamento de exercício de resistência baseado excentricamente (ECC RT) com 19 pessoas, e grupo de controle que não praticou exercícios (CON) composto por 17 pessoas. As sessões de treinamento foram realizadas em laboratório supervisionado durante um período de 4 meses. Ao grupo controle foi oferecida a oportunidade de completar o programa após o período de intervenção.
Os exercícios realizados foram: leg press, flexão e extensão do joelho, supino, remada sentada, desenvolvimento, rosca direta (bíceps) e panturrilha, utilizando as maquinas MedX®, aparelho este capaz de priorizar as fases concêntricas e excêntricas conforme configuração. À medida que o participante se adaptada a carga oferecida, relatando esforço menor através da Escala de Borg, a carga de resistência era progressivamente aumentada. O grupo que praticou priorizando a fase concêntrica realizou 12 repetições de cada exercício, já o grupo que realizou exercícios em fase excêntrica fez apenas 8 repetições.
Mediante este protocolo foi possível observar uma diminuição nos escores do Womac total e na dor referida em ambos grupos de intervenção, porém levemente maior no grupo concêntrico quando comparado ao grupo excêntrico. Já no grupo controle estes índices se mantiveram constante ou apresentaram um ligeiro aumento. Nos exercícios de perna, como no leg press, extensão e flexão de joelho, ambos grupos intervenção aumentaram os valores de força após realizarem os exercícios propostos, porém o grupo concêntrico mais uma vez demonstrou efeitos positivos superiores aos exercícios excêntrico em todos os testes, já no grupo controle como esperado houve uma pequena redução de força após o período de 4 meses.
Não foram observadas alterações significativas na massa corporal ou composição entre os três grupos após o período de treinamento. Os valores de massa corporal sem gordura também não foram diferentes entre os três grupos.
Observou-se que a gravidade da dor foi reduzida em paralelo com os ganhos de força induzidos pelo treinamento. Aproximadamente 50% dos participantes que se exercitaram nos grupos de treinamento resistido excêntrico e concêntrico alcançaram redução clinicamente significativa da dor, representada por uma redução de 30% no subscore de dor WOMAC. No estudo, ambos os grupos de treinamento de resistência tiveram ganhos na força da perna variando de 13,3% (flexão do joelho) a 33,5% no leg press. Os achados coletivos sugerem que os ganhos globais obtidos na intervenção podem não ter sido suficientes para que todos os participantes que se exercitassem obtivessem alívio clínico da dor.
Os achados do estudo nos alertam que ganho de força pode ser apenas uma parte do benefício do exercício no alívio da dor no joelho com artrose, e que o tipo de contração podem ser exploradas de diferentes maneiras dependendo das variações individuais no grau, dor, localização e tamanho dos déficits de cartilagem de cada indivíduo.
Por fim, o artigo conclui que embora o grupo concêntrico tenha apresentado escores levemente melhores, não há diferenças significativas entre a prescrição de exercícios que priorizem a contração excêntrica ou concêntrica em idosos com artrose no joelho que ambas promovem o aumento da força muscular e por consequência a redução da dor, permitindo que o professor e seu aluno determinem qual método é melhor tolerado e se encaixa em seus objetivos analisando as demais condições de saúde.