Indivíduos com obesidade tem a sua capacidade cardiorrespiratória diminuída, levando também a uma diminuição do gasto de energia corporal. Em contrapartida, quando esses pacientes tem uma boa aptidão cardiorrespiratória, eles podem apresentar uma ampla perda de peso, chances mais baixas de obter peso novamente, redução de gordura do fígado e menor circunferência de cintura. Assim, a implementação de exercícios aeróbios é de alta relevância para essa população por ser uma alternativa na melhora da capacidade cardiorrespiratória. Como os impactos do exercício físico em diferentes intensidades no gasto energético de obesos ainda é incerto, o objetivo do artigo foi comparar os efeitos do treino intervalado de alta intensidade (HIIT) com o treino contínuo de intensidade moderada (MICT) nas variantes de gasto energético durante o exercício (EEDE), durante o repouso (RMR) e no volume de oxigênio máximo (VO2max), o que desencadearia maior perda de peso em obesos.
A amostra do estudo contou com 71 participantes, adultos, com obesidade severa (IMC ≥ 40.0 kg/m2 ou de 35.0-39.9 kg/m2 com pelo menos uma comorbidade) e um peso corporal estável (variação de até 5kg nos últimos 3 meses). Eles foram divididos em dois grupos: aqueles que fizeram a intervenção com MCIT/HIIT (n=37) e os que tiveram apenas o MCIT (n=34). A intervenção foi feita durante 24 semanas e foi dividida em três estágios, com 8 semanas cada. O primeiro estágio consistia nos dois grupos realizarem o MCIT, o segundo em um grupo praticar o MCIT junto ao HIIT e o outro manter o mesmo treinamento das primeiras 8 semanas, e por último ambos os grupos executando o MCIT novamente. O MCIT iniciava-se com 10 minutos de aquecimento a 50% da frequência cardíaca máxima (FCmáx), seguidos por 35 minutos do exercício principal a 70% da (FCmáx) e 4 minutos da volta cama a 50% da (FCmáx). O HIIT também tinha 10 minutos de aquecimento, a 70% da (FCmáx), 4×4 minutos de cada exercício a 90-95% da (FCmáx) com 3 minutos entre eles de recuperação ativa a 70% da (FCmáx), e 5 minutos de exercício brando a 70% da (FCmáx).
Os resultados do estudo demonstram que não houve diferença significativa de EEDE entre os grupos e o RMR não apresentou alterações em nenhum dos grupos. Porém, foi constatado que a combinação entre MCIT e HIIT está ligada a uma perda de peso consideravelmente maior (5kg) do que a prática apenas do MCIT (2kg). Entretanto, os autores argumentaram que como alguns integrantes do grupo do treino combinado não finalizaram a carga total de exercícios do HIIT, essa poderia ter sido a razão do EEDE no grupo MCIT/HIIT não mostrar efeitos maiores que tivessem significância.
Por fim, o estudo chegou à conclusão de que o MCIT combinado com o HIIT não trouxe maior gasto energético durante o exercício para indivíduos obesos, mas mostrou uma perda de peso de 3 kg a mais do que aqueles que só praticaram o MCIT. Além disso, como nem todos os participantes conseguiram finalizar o treinamento do HIIT por conta do seu volume e intensidade, os autores sugeriram que indivíduos com excesso de peso devem ser bem informados dos benefícios e dos possíveis problemas ao praticar o MCIT junto ao HIIT e que talvez o treinamento precise passar por ajustes e adaptações para a segurança desse público.
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