A relação entre atividade física e mudança comportamental (positiva ou negativa) já é bem conhecida e desenvolvida pela literatura, assim, é incontestável que a prática de atividade física pode ser uma ferramenta a ser testada para o tratamento de transtornos motores e mentais. Neste cenário as artes marciais para autistas podem ser investigadas como ferramenta para mudanças comportamentais.
Portanto, o estudo teve o objetivo testar a eficácia do mix de artes marciais (MMA) na melhora das disfunções sociais de crianças com TEA de grau leve, para promover melhora social e melhora das disfunções sociais (comportamentais). Os autores trabalharam com duas hipóteses: primeiro que a intervenção com MMA proporcionaria melhora das habilidades sociais apontadas pelos pais e, a segunda, que as crianças que praticassem o MMA apresentariam menores comportamentos negativos em relação ao grupo que não praticasse.
O estudo contou com 34 crianças (28 meninos e 6 meninas), de 8 a 11 anos. Todas as crianças passaram por pré-testes e questionários que avaliaram nível de autismos e capacidade sociocomunicativa. Os responsáveis por cada criança responderam a um questionário a fim de avaliar os comportamentos sociais das crianças. Além disso, tiveram que fazer duas visitas, no início e no fim do experimento, ao laboratório com as crianças para esclarecer possíveis dúvidas sobre o experimento e acompanhar os testes a serem aplicados. A intervenção ocorreu em uma academia de MMA, na qual o autor especializado em autismo, em conjunto com o treinador local, adaptou os exercícios e as dinâmicas para o estudo.
As crianças foram separadas em dois grupos, o grupo intervenção (14 meninos) fez a prática de MMA adaptado, com duração de 26 a 45 min (preparação, aquecimento, prática e volta calma) durante 13 semanas. Um grupo de crianças não autistas também participaram das aulas, os professores desconheciam quais crianças eram parte do espectro autista ou não. Os exercícios incluíam chutes e socos com o auxílio do professor e também em duplas com os próprios participantes das aulas (autistas ou não). Já o grupo controle (14 meninos e 6 meninas) fez apenas as visitas ao laboratório para as avaliações e seguiram suas rotinas normais, sem nenhuma intervenção relacionada ao MMA.
Ao final do estudo os autores constataram através dos apontamentos dos pais que o grupo intervenção apresentou melhora significativa nos comportamentos sociais e uma diferença baixa de mudança comportamental entre o período pré e pós teste. Desta forma, sugerindo que a prática de artes marciais para autistas não apenas auxilia na melhora física e de saúde dos praticantes, mas também em aspectos da interação social (comportamentos). Os autores advertem que os resultados encontrados não devem ser extrapolados para aplicação em tal estudo não deve ser aplicado em meninas autistas, uma vez que não havia nenhuma presente no grupo intervenção.