No momento atual o tratamento mais indicado em casos de câncer de esôfago e estômago localizados é a quimioterapia em conjunto com uma cirurgia. Apesar dos avanços, a cirurgia esofagogástrica ainda está associada a efeitos adversos a curto e longo prazo, incluindo altas taxas de complicações pós-operatórias, diminuição da força muscular e da aptidão cardiorrespiratória, fadiga, depressão e mortalidade. A maioria dos pacientes não consegue receber a sequência completa da terapia neoadjuvante ou adjuvante, como resultado das complicações ao estado físico, nutricional e de desempenho. Portanto, otimizar a capacidade funcional perioperatória deveria ser essencial. Por este motivo o objetivo do estudo foi investigar como o exercício físico através de uma pré habilitação, ajuda a otimizar a reabilitação pós cirúrgica em pacientes com câncer esofagogástrico.
Foram selecionados sessenta e oito pacientes com câncer de esôfago e estômago não metastático, com idade média de 68 anos. Os pacientes foram divididos em dois grupos, metade alocada no grupo controle (GC) e outra no grupo intervenção (GI), que recebeu a pré habilitação que consistia de um programa individualizado de treinamento de exercícios domiciliares 4 vezes por semana, durante 4 semanas, sendo 3 dias por semana compostos de exercícios aeróbicos de 30 minutos (incluindo 5 minutos de aquecimento e 5 minutos de desaquecimento). As modalidades de exercício selecionadas foram caminhadas rápidas, corrida ou ciclismo, dependendo do nível físico do indivíduo. Os pacientes foram instruídos a auto selecionar a intensidade para atingir 12 a 13 pontos na percepção de esforço avaliado (variação, 6-20 na Escala de Esforço Percebido de Borg). Uma vez por semana atividades de fortalecimento foram prescritas, com duração de 30 minutos (incluindo 5 minutos de flexibilidade e 5 minutos de alongamento) de 3 séries de 8 a 12 repetições para 8 grupos musculares usando uma faixa elástica como resistência. Além disso, somente o grupo intervenção recebeu suplementação proteica durante a intervenção.
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Antes da intervenção todos os pacientes tiveram uma avaliação de seu nível de condicionamento físico e capacidade funcional em termos de caminhada e resistência, força, mobilidade articular e postura. Ambos os grupos realizaram três vezes o teste de caminhada de 6 minutos (6MWD), teste de exercício submáximo que envolve a medida da distância caminhada por 6 min para gerar uma resposta global integrada cardiopulmonar e musculoesquelética, antes do início da intervenção, antes da cirurgia e 4 a 8 semanas após a cirurgia.
O grupo intervenção apresentou um aumento de desempenho ao final da pré habilitação em comparação ao início do programa (36.9m) e manteve o desempenho positivo após a cirurgia em relação ao início do programa (15.4m). Já o grupo controle apresentou uma queda no desempenho antes da cirurgia (-22.8m) e após (-81.8m) em relação à sua primeira avaliação. Ao comparar os grupos entre si, o GI melhorou significativamente o desempenho em relação ao GC e apresentou menor taxa de complicações após a cirurgia.
Em suma, a pré habilitação em pacientes com câncer esofagogástrico em tratamento pode melhorar o condicionamento físico, a aptidão cardiorrespiratória e a capacidade funcional perioperatória através de um programa de 4 semanas de treino combinando exercício aeróbio e resistência, diminuindo riscos de complicações pós-cirúrgicos.
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