A COVID-19 é uma doença global que, em poucos anos, afetou quase todos os países, com milhões de casos e mortes registrados. A doença é caracterizada por uma evolução complexa e pode ter implicações a longo prazo. A chamada COVID prolongada, definida por sintomas contínuos ou novos por pelo menos 4 semanas após a infecção, afeta uma porcentagem significativa da população, e traz sintomas debilitantes como falta de ar, por este motivo investigar a covid-19 e o treino inspiratório como estratégia para reabilitação desta doença pareceu aos pesquisadores bastante promissor.
Assim, o objetivo deste estudo foi analisar o treinamento muscular inspiratório como uma estratégia de reabilitação viável para adultos com COVID prolongada, visando reduzir a falta de ar e melhorar a qualidade de vida e a capacidade funcional.
Foram analisados 281 adultos à distância, sendo 88% do sexo feminino. Os critérios de inclusão foram: relato prévio de infecção por COVID-19, sintoma principal de falta de ar e idade maior que 18 anos.
Os participantes foram distribuídos em dois grupos experimentais: um grupo que recebeu treinamento muscular inspiratório (TMI) e um grupo controle que recebeu cuidados habituais. O estudo durou 8 semanas.
A intervenção aplicada foi o treinamento muscular inspiratório (TMI) utilizando o dispositivo PrO2 (PrO2Fit Health), um aparelho portátil de resistência ao fluxo inspiratório que se conecta a um computador, smartphone ou tablet por meio de um aplicativo. Os participantes foram treinados no uso do dispositivo durante a primeira sessão e foram instruídos a realizar três sessões de TMI por semana, em dias não consecutivos.
Antes de cada sessão, os participantes realizavam um esforço inspiratório máximo, a partir do volume residual, para determinar a pressão inspiratória máxima sustentada (SMIP; em unidades de tempo de pressão (PTU)), sendo necessário manter mais de 80% da SMIP durante o treinamento. Essa reavaliação antes de cada sessão garantiu cargas de treinamento individualmente otimizadas, levando em conta a natureza recorrente e remissória da COVID longa. Cada sessão envolvia até seis blocos de seis inspirações, com períodos de descanso diminuindo progressivamente de 40 para 10 segundos em cada bloco, resultando em durações máximas de sessão de 20 minutos.
Os principais resultados demonstraram que o programa de treinamento muscular inspiratório ajudou a reduzir a falta de ar e os sintomas relacionados à respiração em pessoas com COVID-19 prolongada. As pessoas submetidas ao treinamento se sentiram menos ofegantes e experimentaram menos desconforto no peito após completarem o programa.
Além disso, o programa de reabilitação melhorou a força dos músculos respiratórios dos participantes. Isso é relevante, uma vez que os músculos respiratórios tendem a ficar fracos em pessoas que tiveram COVID-19, e fortalecê-los pode ajudar em sua recuperação.
Outro resultado significativo foi a melhora na aptidão aeróbica dos participantes do programa de treinamento muscular inspiratório em relação do grupo de controle. Os participantes do TMI foram capazes de realizar exercícios por mais tempo sem se cansar tanto.
No entanto, o programa de reabilitação não teve um impacto significativo na qualidade de vida relacionada à saúde, conforme avaliada pelo questionário K-BILD. Isso sugere que outros fatores além dos exercícios respiratórios podem desempenhar um papel importante na melhora da qualidade de vida após a COVID-19 e precisam ser investigados em pesquisas futuras.
Conclui-se então que o programa de reabilitação em casa, com ênfase no fortalecimento dos músculos respiratórios, pode ser uma estratégia eficaz para ajudar na recuperação de pessoas com COVID-19 prolongada. Embora esses resultados sejam promissores, é importante considerar que o programa não teve um impacto significativo na qualidade de vida relacionada à saúde.
Aplicação prática: o programa de reabilitação em casa, com foco no fortalecimento dos músculos respiratórios, pode ser implementado como parte integrante do cuidado pós-COVID-19, ajudando os pacientes a recuperarem a função pulmonar, reduzirem a falta de ar e melhorarem sua capacidade física.