Estabilização da musculatura profunda do core diminui a diástase abdominal no pós parto

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Em março de 2019 foi publicado na revista Journal of musculoskeletal & neuronal interactions um artigo cujo objetivo foi investigar os efeitos resultantes de um programa de exercícios de estabilização da musculatura profunda do core na diminuição da diástase do reto abdominal em mulheres de 23 a 33 anos no pós parto. Para isso testaram dois diferentes protocolos fisioterápicos, buscando avaliar dois principais desfechos, distância entre os retos abdominais (avaliado por uma médica especialista pré e pós intervenção) e qualidade de vida mensurada pelo questionário SF-10 versão curta.

Os pesquisadores selecionaram 40 mulheres não obesas que haviam passado por partos naturais de três a seis meses antes e sido diagnosticadas com diástase do musculo reto abdominal. A amostra foi dividida em 2 grupos, o primeiro grupo realizou um programa de fortalecimento visando a estabilidade da musculatura profunda do core, com uso de órtese abdominal, sendo orientadas a realizar simultaneamente aos exercícios a respiração diafragmática e contração do assoalho pélvico. Também realizaram exercícios de contração isométrica como prancha e um programa tradicional de exercícios para abdominais executando três séries de 20 repetições para cada exercício, mantendo a contração por 5 segundos, seguida de 10 segundos de relaxamento, para cada repetição.

Já as participantes do segundo grupo realizam somente um programa tradicional de exercícios abdominais com contrações isométricas e exercícios como inclinação pélvica posterior, Sit-Up Reverso, Torção do Tronco e Torção do Tronco Reverso, com o mesmo número de repetições e séries do grupo 1. As sessões de ambos os grupos foram realizadas 3 vezes por semana, com duração total de 8 semanas, todas as participantes foram aconselhadas a repetir o mesmo programa de exercícios prescrito para seu grupo, diariamente em casa.

A diástase abdominal não é um mero problema estético e sim uma doença que pode impactar significativamente mulheres que vivem o pós parto, gerando por exemplo dor lombar, redução da função e diminuição da qualidade de vida. O presente estudo identificou uma redução mais evidente da distância entre os retos abdominais (distância inter retal) após a prática de exercícios de estabilização da musculatura profunda do core das mulheres que foram submetidas ao protocolo do grupo 1 (passando de uma média da distância inter retal de 28,35 para 20,05). O grupo 2 também apresentou reduções desta distância, porém, em menor magnitude (passando de 28,5 para 23,5). O estudo nos indica que o uso de órtese agregada ao protocolo de estabilização também auxilia no fechamento da diástase ao mesmo tempo em que reduz potencialmente a dor nas costas causada pela diástase. Estes achados nos evidenciam que a associação de técnicas prescritas ao grupo 1 leva a resultados substanciais no tratamento desta patologia, principalmente no impacto sobre a qualidade de vida destas mulheres. Após a intervenção o grupo 1 apresentou uma diferença significativa quando comparado ao grupo 2, relatando pouca ou nenhuma limitação em atividades como levantar e carregar, subir escadas, caminhar vários metros, tomar banho e vestir-se.

Desta forma, o artigo conclui que exercícios de estabilização de musculatura profunda do core, associados a respiração diafragmática, contração de assoalho pélvico, uso de órteses e exercícios convencionais para fortalecimento dos abdominais, diminuem significativamente a diástase do reto abdominal no pós parto e melhora a qualidade de vida das mulheres acometidas pela patologia.

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Graduada em Educação Física e Saúde pela USP, especialista em Pilates para patologias de coluna e dor crônica, membro da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde, colunista Encyclo. 

São Bernardo do Campo,

SP

Referência bibliográfica

THABET, A. A., & ALSHEHRI, M.A. Efficacy of deep core stability exercise program in postpartum women with diastasis recti abdominis: a randomised controlled trial. Journal of musculoskeletal & neuronal interactions. Grécia, v.19, n. 1, p.62-68, 2019.

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Exemplo: Graduação em educação física e saúde pela Universidade de São Paulo (USP)