Exercícios de resistência vs exercícios aeróbicos para pessoas com diabetes tipo I: relação com a quantidade de sono.

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A prática de atividade física é uma das ferramentas mais utilizadas no tratamento da diabetes, entretanto quando se trata de diabetes tipo I a forma como a prática é abordada passa a ser meticulosa, pois a prática de exercício físico pode causar hipoglicemia logo após a prática, descontrolando o tratamento e impactando diretamente a quantidade e a qualidade de sono de diabéticos tipo I. Entretanto, após um tempo da prática observando melhora em outros aspectos da saúde como a diminuição de riscos de problemas cardiovasculares, aumento de autoestima, e melhora na composição de massa corpórea.
O estudo teve como objetivo observar os efeitos de exercícios aeróbios e de resistência e a relação com a qualidade e quantidade de sono de pessoas com diabetes tipo I. Considerou a hipótese que os exercícios levariam a um aumento de hipoglicemia noturna, causando perda de sono.
Contou com 10 adultos com idades entre 21 à 45 anos, com diabetes tipo I diagnosticada a, no mínimo, 1 ano, com o uso de insulina controlado, sem nenhum tipo de complicação de saúde e que fosse ativo fisicamente, e que praticassem exercício físico por no mínimo 10 minutos durante 3 ou mais vezes na semana.
O período de intervenção durou quatro semanas, sendo que a primeira semana teve como propósito a adaptação dos participantes com o uso dos sensores, utilizados para a obtenção dos dados durante e após os exercícios físico. Nas semanas seguintes os participantes realizaram os exercícios aeróbicos ou de resistência. A escolha do exercício para cada participante foi feita de maneira aleatória, mas todos praticaram uma modalidade por uma semana. Depois, pararam as atividades por uma semana e, só então, praticaram o exercício oposto, ou seja, quem praticou aeróbio na primeira semana fez resistência na semana pós-pausa e vice-versa. Foram duas aulas por semana que não poderiam acontecer em dias consecutivos.
O treino de resistência foi composto de 3 sets com repetições de 8 a 12, com intervalos de 90s entre os exercícios e também entre os sets. Foram implementados no treino de resistência exercícios como: leg press, supino e Seated row (remo), já ao aeróbico foi composto por 45 minutos de exercício contínuo controlado pelo nível de VO²MAx a 60%.
Dados foram coletados durante toda a intervenção por meio de sensores, testes, aplicativos (alimentação, atividade física, sono…) e por questionários. De tal forma que, logo após as sessões, foram obtidos os níveis glicêmicos e o mesmo foi observado após 1h do termino do treino. Os pesquisadores apresentaram duas refeições diferentes aos participantes para que escolhessem pra comer após a prática e está refeição era oferecida nos dias das práticas.
Após as intervenções os autores observaram que na semana dos exercícios aeróbicos houve uma diminuição no percentual de duração do sono, com diminuição de 70min de duração, sendo uma mudança significativa. Já na semana dos exercícios de resistência houve uma pequena diminuição de 4min da duração do sono sendo insignificante.
Houve uma diminuição no uso da insulina durante a noite em ambas as semanas, entretanto, hipoglicemias severas foram observadas em 8 noites após o treino aeróbico, e 3 noites no treino de resistência sendo a da semana de resistência presentes nos períodos iniciais da noite. Alguns participantes trataram a hipoglicemia antes de dormir, o que pode ter gerado uma perda de quantidade de sono, e assim uma dupla variabilidade de resultado.
Assim, podemos concluir que exercícios aeróbicos podem influenciar negativamente qualidade de sono de diabéticos tipo I, já os exercícios de resistência por causarem uma pequena diminuição nesta variável, poderiam ser escolhidos como atividade prioritária para este grupo de indivíduos.

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Graduação em educação física e saúde pela Universidade de São Paulo (USP).

Referência bibliográfica

REDDY R. et al. The impact of exercise on sleep in adults with type 1 diabetes. Diabetes Obes Metab. Estados Unidos da América, v.20, n. 2, p. 443-447, 2018.

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Exemplo: Graduação em educação física e saúde pela Universidade de São Paulo (USP)