O diabetes mellitus do tipo 2 (DM2) é uma doença metabólica capaz de induzir diversas mudanças nos fatores do ciclo circadiano, como nível de glicose do sangue, sensibilidade a insulina e função oxidativa dos músculos ao longo do dia. Por isso, o horário de exercício pode influenciar diretamente nas adaptações fisiológicas causadas pelo treinamento físico. O objetivo desse estudo avaliar qual período do dia, entre manhã e tarde, traria melhores efeitos para o controle glicêmico de homens diabéticos, ou seja se o período de prática do treinamento HIIT para diabéticos traria mudanças na metabolização da glicemia.
O ensaio contou com 11 homens diagnosticados com DM2, com idade entre 45 e 68 anos e IMC de 23 a 33 kg/m2. Os participantes não podiam ter doenças cardiovasculares nem receber tratamento de insulina. Os registros de glicose no sangue foram feitos pelo monitor contínuo de glicose. Os integrantes do estudo foram divididos aleatoriamente em 2 grupos, 7 no período da manhã, às 8:00, e 4 à tarde, às 16:00. Eles fizeram seus treinamentos por 2 semanas, depois receberam 2 semanas de repouso e por fim mais 2 semanas de exercício com o horário oposto ao do começo do ensaio.
A intervenção dispôs da aplicação do HIIT (high-intensity interval training) de baixo volume, que traz benefícios ao músculo e ao sistema cardiorrespiratório parecidos ao treinamento moderado contínuo, mas com a vantagem de menor tempo e volume de prática, em bicicleta ergométrica. O treino ocorria as segundas, quartas e sextas, iniciando-se com 7 minutos de aquecimento, seguido por 6 séries de 1 minuto com a carga pré-determinada para cada participante (em média de 220 W) com intervalo de 1 minuto entre cada série e frequência cardíaca em 75 bpm.
Os resultados trouxeram que o treinamento feito no período da manhã elevou os níveis de glicose no sangue em vários momentos do dia comparado aos registros da pré-intervenção e do período da tarde. Em contrapartida, o HIIT da tarde apresentou níveis menores de glicose sanguínea comparado ao momento pré-treinamento e período matinal. Houve também a melhora nos níveis do TSH e do T4, hormônios relacionados a tiroide, que quando não controladas desregulam o controle glicêmico.
O estudo levantou que o ciclo circadiano demonstra características diferentes para quem tem DM2. No período da tarde, especialmente no final dele, observa-se uma maior potência do metabolismo oxidativo (força muscular e atividade mitocondrial), o que somado a propensão do HIIT oxidar mais carboidratos equiparado ao exercício moderado traz bons benefícios. Analisaram também que a alimentação poderia ter causado grande influência nos resultados, visto que o esvaziamento gástrico é mais acentuado com exercícios intensos e que as chances dos participantes comerem uma refeição logo após o teste eram grandes, o que elevaria a glicemia deles.
Em conclusão, o estudo verificou que o melhor horário para indivíduos com DM2 realizarem o HIIT de baixo volume visando uma melhora no controle glicêmico é no período da tarde, destacando a importância da escolha do horário de treino de HIIT para diabéticos, e que seria necessário estudos de duração mais longa com a mesma metodologia para respostas mais satisfatórias.
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