Hipertensão arterial é um problema de saúde sério, bastante comum no Brasil e no mundo e está relacionado com a disfunção do endotélio (camada celular que reveste o interior dos vasos sanguíneos), uma vez que a diminuição da função endotelial está associada com aumento da pressão sistólica. Atividade física regular é uma estratégia bastante recomendada para este grupo pois gera melhora na função endotelial ao aumentar a disponibilidade de oxido nítrico e estimulando a dilatação dos vasos, por exemplo. O objetivo dos pesquisadores foi entender os efeitos de diferentes protocolos de treinamento na função endotelial e na pressão sanguínea de um grupo hipertenso e fisicamente inativo.
Esse estudo aconteceu no Brasil entre maio de 2015 e fevereiro de 2018. Trinta e sete adultos, homens e mulheres, entre 45 e 58 anos pré-hipertensos e com hipertensão arterial com baixo nível de atividade física foram divididos em três grupos: aeróbio – 40 minutos de bike ergométrica com intensidade progressiva de 50-75% da frequência cardíaca de reserva; resistência – 40 minutos de treino com 4 séries de 8 – 12 repetições entre 60 – 80% de 1 RM; e combinado (aeróbio + resistência) – 2 séries de 12 repetições totalizando 20 minutos com intensidade entre 60 e 80% de 1 RM e 20 minutos de bike ergométrica com intensidade entre 50 e 75% da frequência cardíaca de reserva. Os treinos aconteceram duas vezes na semana durante oito semanas.
Os resultados do estudo foram similares nos três grupos. O grupo que treinou aeróbio apresentou diminuição da circunferência do quadril, aumento do VO2max e da fração de ejeção esquerda (quantidade de sangue que é bombeada do coração para o as artérias – quanto maior, melhor) e diminuição da pressão arterial sistólica após 24h do treino. Já o grupo que treinou resistência também mostrou diminuição da circunferência do quadril, aumento do VO2max, uma tendência de redução da fração de ejeção e diminuição da pressão arterial sistólica após 24h do treino. Por fim, o grupo que treinou aeróbio e resistência diminuiu a pressão arterial diastólica após 24h do treino. A concentração de triglicerídeos diminuiu nos três grupos, enquanto a dilatação mediada por fluxo (dilatação de uma artéria quando o fluxo sanguíneo aumenta) aumentou significativamente.
Os principais achados desse estudo são que os três protocolos utilizados foram semelhantemente positivos para a função endotelial e pressão sanguínea. Os pesquisadores argumentam ainda que os resultados, apesar de significantemente favoráveis, foram conquistados com apenas dois treinos por semana durante oito semanas, totalizando 16 sessões de treinamento. Além disso, trazem para a discussão a importância clínica desses achados, uma vez que o aumento de 1% da dilatação mediada por fluxo é associado a uma redução de 13% do risco cardiovascular em indivíduos que já possuam algum tipo de risco cardiovascular, como é o caso dos hipertensos analisados nesse estudo.
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