Influência da prática de atividade física na avaliação do risco cardiovascular

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Os fatores de risco obesidade, hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, idade e síndrome metabólica aumentam as probabilidades de um indivíduo desenvolver doenças cardiovasculares. O escore de Framingham é um algoritmo que avalia o risco de uma pessoa desenvolver doenças cardiovasculares nos próximos 10 anos de vida, ou seja mensura o risco cardiovascular. Para tal, a metodologia considera a exposição dos pacientes aos fatores de risco citados acima.

Sabemos que o estilo de vida levando em consideração o tabagismo, sedentarismo e dieta inadequada, são preditores significativos do aumento do número de morte ligadas a doenças cardiovasculares. A literatura nos evidencia inúmeros benefícios decorrentes da prática regular de atividade física sobre a saúde com impactos positivos ao sistema cardiovascular como redução do colesterol total, triglicerídeos, pressão arterial, controle glicêmico, maior aporte de oxigênio associado aos gastos musculares dentre outros. Apesar deste consenso na comunidade científica sobre os efeitos positivos da atividade física, é escassa a literatura que possibilite a extrapolação da influência do exercício físico no escore de Framingham.

Por este motivo os autores buscaram compreender se a atividade física é realmente uma variável capaz de alterar o resultado da avaliação com o escore de Framingham.

Para isso, foi avaliado um total de 1004 pacientes (684 adultos e 321 idosos) que passaram por consulta médica, entre fevereiro de 2006 e setembro de 2012, através da análise de seus prontuários eletrônicos, buscando informações como sexo, idade, nível de atividade física (de acordo com a classificação do ACSM), tabagismo, pressão arterial (categorizando hipertensos aqueles que apresentaram PAS ≥ 140mmHg e PAD ≥ 90mmHg além de indivíduos já diagnosticados com Hipertensão arterial) e dislipidemias.

A partir destes dados os autores avaliaram a associação entre gênero, idade, tabagismo, classificação de hipertensão, perfil lipídico e prática de atividade física com o risco cardiovascular. Num segundo momento avaliou-se a importância de cada fator na determinação do risco cardiovascular através do Escore de Framingham.

O estudo encontrou uma correlação estatística inversa entre a prática de atividade física e o escore de Framingham, ou seja, quanto maior a intensidade e frequência de atividade física praticada, menores os escores observados. Porém, a variável atividade física só afetou positivamente o escore de Framingham quando os indivíduos praticaram atividades moderadas (esporte recreacional, caminhar rápido, lavar janela) a intensas (esportes vigorosos, correr, trotar) e de forma regular. Somente a prática de exercícios leves como caminhar, lavar pratos e pescar não foi suficiente para minimizar os riscos de o indivíduo desenvolver doenças cardiovasculares em 10 anos.

Em última análise as variáveis que permaneceram associadas como fatores determinantes do escore de Framingham foram: idade, gênero, tabagismo, hipertensão e prática de atividade física regular.

Concluiu-se então, que a atividade física é uma variável capaz de alterar o resultado da avaliação com o escore de Framingham em adultos e idosos, porém a variável só apresentará efeitos positivos sobre o risco cardiovascular se a prática for realizada de forma frequente e com intensidade entre moderada a intensa.

Saiba mais sobre doeças cardiovasculares em: https://encyclo.com.br/hipertensao-arterial-forca-ou-aerobio-modalidades-de-exercicio-para-adultos-pre-hipertensos-e-hipertensos/

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Graduada em Educação Física e Saúde pela USP, especialista em Pilates para patologias de coluna e dor crônica, membro da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde, colunista Encyclo. 

São Bernardo do Campo,

SP

Referência bibliográfica

CHICHOCKI, M. Atividade física e modulação do risco cardiovascular. Revista Brasileira Medicina Esportiva. Brasil, n.1, v.23, p.21-25, 2017.

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Exemplo: Graduação em educação física e saúde pela Universidade de São Paulo (USP)