A apneia obstrutiva do sono (AOS) é um distúrbio comum que afeta a respiração durante o sono. Além de causar problemas cardíacos e metabólicos, a AOS pode prejudicar a função do cérebro, especialmente a função executiva, que envolve habilidades como planejamento e controle de ações.
O objetivo deste estudo foi examinar os efeitos de um programa de exercícios de seis semanas em adultos com sobrepeso e diagnosticados com AOS leve ou moderada a grave. Participaram do estudo 15 pacientes, com idade entre 30 e 65 anos e índice de massa corporal (IMC) entre 27 e 42 kg/m².
A intervenção consistiu em um programa de exercícios seguindo as recomendações do Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM). Os participantes compareceram a três sessões de exercício monitoradas por semana, totalizando 18 sessões no período de seis semanas. As sessões de exercício aeróbico duravam 40 minutos e eram realizadas com uma intensidade moderada a vigorosa. A intensidade do exercício era monitorada por um fisiologista do exercício. Além disso, foram incluídos exercícios de resistência progressivos. Cada sessão de exercício terminava com exercícios abdominais e cinco minutos de volta calma em um equipamento aeróbico.
Os principais resultados demonstraram que o exercício físico pode melhorar a função executiva independentemente dos ganhos na aptidão cardiorrespiratória. Isso é consistente com estudos anteriores que também encontraram melhorias na função executiva após o treinamento físico, sugerindo que outros mecanismos além da capacidade cardiovascular podem estar envolvidos.
Além disso, a melhoria na função executiva em indivíduos com AOS moderada a grave é um resultado relevante e inovador deste estudo. Os participantes com AOS mais grave apresentaram maiores melhorias na função executiva em comparação com aqueles com AOS leve. Essa diferença sugere que a gravidade desta doença pode influenciar a magnitude da resposta ao exercício físico, destacando a importância de considerar o subgrupo de pacientes com AOS moderada a grave ao planejar intervenções de exercício.
Outro aspecto discutido foi a correlação entre a gravidade da hipoxemia basal e a melhoria na função executiva. Observou-se que aqueles com maior tempo de hipoxemia (medido como tempo abaixo de 90% de saturação de oxigênio) apresentaram uma maior melhoria na função executiva. Essa associação reforça a importância da hipoxemia como um fator que pode influenciar os efeitos do exercício na função cognitiva em pacientes com AOS.
Em conclusão, esses resultados sugerem que o exercício físico pode ter efeitos benéficos na função executiva de indivíduos com AOS moderada a grave. No entanto, são necessários estudos adicionais para entender melhor os mecanismos subjacentes a essa melhoria e explorar se outros domínios cognitivos também podem ser afetados positivamente pelo exercício nessa população.
Aplicações práticas: a inclusão de exercícios físicos como parte do tratamento da apneia obstrutiva do sono pode ser uma abordagem eficaz para melhorar a função executiva nessa população.
Saiba mais sobre o papel do exercício sobre a apneia obstrutiva do sono, lendo: Conheça os efeitos do exercício na apneia obstrutiva do sono (encyclo.com.br)