Uso de método de treinamento para reabilitação de atletas de powerlifting hipertensos

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A hipertensão é a doença do sistema cardiovascular de maior prevalência entre atletas de esportes de força. Estudos apontaram que a hipertensão arterial (HA) ocorre em 55,4 a 83% no subgrupo de atletas de esportes de força das categorias de peso pesado. Assim sendo, o objetivo do presente estudo foi discutir os efeitos do treinamento aeróbico intervalado de alta intensidade sobre a pressão arterial, composição corporal, capacidade oxidativa e força muscular em atletas de esportes de força (powerlifting) das categorias de peso pesado, ou seja entender qual o melhor método de reabilitação de atletas hipertensos desta modalidade.

Para a realização do estudo, participaram 55 atletas hipertensos de powerlifting de idade média de 31 anos, do sexo masculino e condições clínicas equivalentes, que foram submetidos a uma bateria de exames e a um programa de reabilitação física. Os atletas foram aleatoriamente, distribuídos em 2 grupos: Grupo Intervenção (com 35 indivíduos) que realizou o protocolo de HIIT com exercícios aeróbicos e somado a exercícios de força e grupo controle (com 20 indivíduos) que realizou somente o treinamento de força.

Para determinar a capacidade aeróbica foi utilizada uma bicicleta ergométrica adotado o protocolo da Associação Médica Russa, a carga foi ajustada a partir de 20 W com um aumento de 20 W a cada 2 min. Os grupos treinaram durante 120 dias, 3 vezes por semana no período da manhã, com tempo total por sessão de aproximadamente 100 minutos.

O protocolo do grupo intervenção consistiu em um trabalho de força feito com peso de 70-90% de 1 RM, de duas a oito repetições em três séries com descanso entre as séries para recuperação total com ciclos de desempenho que duravam 5 minutos. Foram realizados os seguintes exercícios: supino, agachamento com barra nas costas, levantamento terra, flexão de antebraço com barra e extensão de antebraço no simulador. O treinamento de força foi somado a um protocolo de treinamento aeróbico intervalado de alta intensidade em bicicleta ergométrica, intercalando 2 minutos de alta intensidade (a uma potência de pedalada de 100% do Consumo Máximo de Oxigênio (CMO)) e 2 minutos de baixa intensidade com FC de 85% do Limiar de Lactato (LAn), durante 7 ciclos.

Os atletas do grupo controle realizaram o seguinte protocolo: trabalho de força em cinco exercícios com peso de 70-90% de 1 RM, de duas a oito repetições em quatro séries. Um ciclo de desempenho “série + descanso (até a recuperação total)” que durou 5 minutos. Os exercícios foram realizados em todos os principais grupos musculares e incluíram supino, agachamento com barra nas costas, levantamento terra, flexão de antebraço com barra e extensão de antebraço no simulador. A duração total da sessão de treinamento foi de 100 minutos.

O desempenho do protocolo HIIT em 120 dias no contexto do treinamento de força reduziu significativamente a frequência cardíaca no grupo intervenção em 2,6 pontos percentuais; o IMC em 0,7 kg/m2; e índice de massa livre de gordura, em 1,0 kg/m2. Já no grupo controle, as mudanças nos valores desses parâmetros não foram estatisticamente significativas.

As principais conclusões do artigo, foram que reabilitação física com HIIT, em atletas de esportes de força (categorias de peso pesado) com hipertensão, contribuiu para:

  1. Uma ajuste confiável da composição corporal desses indivíduos;
  2. Um aumento significativo no consumo máximo de oxigênio e na potência de trabalho.
  3. Um aumento significativo na força do músculo quadríceps femoral quando comparado ao aumento de força no grupo controle;
  4. Diminuição significativa da pressão arterial (A pressão arterial sistólica saiu de 159.1mmHg e foi para 151.7mmHg, já a diastólica saiu de 93.2mmHg e foi para 85.9mmHg após os 120 dias de prática)

Aplicações práticas: O artigo nos sugere que o treinamento aeróbico intervalado de alta intensidade tem impacto positivo em atletas de powerlifting com hipertensão e deve ser incluído em um programa de treinamento consistente para esta população. Estes resultados não podem ser extrapolados a qualquer população, são necessários mais estudos para definir a segurança e efetividade deste tipo de treinamento para população de não atletas.

 

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Possui mestrado em Educação Física pela Universidade São Judas Tadeu (2006). Atualmente fazendo doutorado em Educação Física com foco na Promoção da Saúde; Membro do GETAFIS - PPG da USJT e Membro do GEPAF - EACH/USP. Diretor do CELAFISCS.

Referência bibliográfica

MIRASHNIKOV, A.B. et al. Methods of Rehabilitation of Power Sports Athletes with Arterial Hypertension: Randomized Controlled Study. Human Physiology, v. 48, 816–821, 2022.

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Exemplo: Graduação em educação física e saúde pela Universidade de São Paulo (USP)