A diabetes tipo 2 está associada a comorbidades como a fraqueza muscular e a neuropatia periférica, condições fisiológicas que são entraves na adesão à exercícios físicos, em especial os de intensidade moderada a vigorosa. Os exercícios físicos são fundamentais para o tratamento dos indivíduos diabéticos, e tais comorbidades fazem com que muitos pacientes não atinjam as recomendações dos guias internacionais de atividade física (mínimo de 150 minutos por semana de exercício nessas intensidades), reforçando o padrão de sedentarismo em diabéticos tipo II.
Posto isso, faz-se necessária a busca por diferentes formas de atingir a orientação estipulada de atividade física através da prática de exercícios. Além do mais, estudos recentes observaram que a população com diabete tipo 2 passam a maior parte do dia sentada, comportamento sedentário que poderia anular os efeitos dos exercícios físicos estruturados realizados, mesmo que a carga e a intensidade propostas fossem cumpridas. Assim, tem-se mostrado que a substituição do tempo sentado por tarefas em pé e caminhada de baixa intensidade é mais competente para aprimorar a ação da insulina no organismo.
Portanto, o objetivo do artigo foi comparar como o gasto de energia de um plano de exercício versus a diminuição do tempo sentado durante o dia poderia afetar o nível de glicose de 24 horas e a sensibilidade à insulina nesses dois cenários.
O estudo contou com 19 participantes com diabetes tipo 2, sendo 13 homens e 6 mulheres, com média de idade de 63 anos, sedentários e não usuários de insulina. A intervenção ocorreu em três regimes, e cada integrante participava de todos eles: fase sentado (“controle”), que foi orientado a permanecer 14 horas do dia sentado, realizando apenas 1 hora de caminhada e gastando 1 hora em pé; fase exercício, que realizava 1 hora de bicicleta ergonômica por dia; e fase de redução do tempo sentado,
composto por 2 horas de caminhada e 3 horas em pé ao longo do dia. Cada etapa durava 4 dias e o tempo de pausa entre cada uma delas era de 10 dias, para que não houvesse interferência nos resultados de cada método. A taxa de glicose no sangue foi medida por um monitor de glicose enquanto o gasto energético era calculado por um acelerômetro.
Os resultados mostraram que os níveis de glicose no sangue foram significativamente menores na fase de menos tempo sentado do que na fase sentado, porém similar entre etapa sentada e exercício. Já na questão da sensibilidade à insulina, a diminuição do tempo sentado demonstrou o melhor resultado comparado aos outros dois.
Em conclusão, o estudo revelou que a fragmentação do tempo gasto sentado com a inserção da caminhada de intensidade leve é mais eficiente em trazer benefícios à resistência da insulina e ao metabolismo da glicose para indivíduos com diabetes tipo 2 do que o oferecimento de exercícios estruturados. Além disso, mais estudos precisam ser feitos para que haja a determinação de um volume de atividade física de baixa intensidade possível de ser aplicado na vida diária desses indivíduos que seja capaz de alterar o quadro de sedentarismo em Diabéticos tipo II.
Veja também o vídeo: Hiit e controle glicêmico de diabéticos tipo 2 em diferentes períodos do dia