A dor lombar crônica (DLC) é a dor crônica mais prevalente em adultos e, até o momento, não há manejo não farmacológico ideal. O exercício é recomendado, mas não há um tratamento específico baseado em exercícios que tenha se mostrado mais eficaz.
O objetivo do estudo foi comparar os efeitos do treinamento baseado em exercícios de habilidades motoras (EHM) e exercícios de força e flexibilidade (EFF) na melhora do desempenho de atividades funcionais em pacientes com dor crônica lombar, imediatamente após a prática, 6 meses após e 12 meses após o término da intervenção. Também adotaram como objetivo secundário averiguar se houve diminuição na percepção de dor lombar desta população.
Um total de 154 pessoas com pelo menos 12 meses de lombalgia crônica inespecífica, com idade entre 18 e 60 anos, com Índice de Incapacidade Oswestry positivo em pelo menos 20%. A amostra participou de 6 sessões semanais de 1 hora de cada protocolo de exercício. A princípio os participantes foram divididos em 4 grupos, EHM sem reforço, EHM com reforço, EFF com reforço e EFF sem reforço. Foi ministrado uma explicação teórica prévia aos exercícios e posteriormente após aprenderem a fazer tudo corretamente, foram solicitados que continuassem a realizar a intervenção em casa. Os dados foram registrados imediatamente após o término das intervenções e após 6 e 12 meses do término do tratamento.
O treinamento de habilidades motoras envolveu a prática supervisionada de atividades funcionais desafiadoras para pacientes com lombalgia, os participantes ajudaram a escolher os exercícios de acordo com suas habilidades e nível de desafio da atividade. Já os exercícios de força e flexibilidade foram focados em melhorar a força de todos os músculos do tronco e flexibilidade dos membros inferiores em todos os planos. Todos os exercícios foram prescritos e progredidos com base nas diretrizes do Colégio Americano de Esporte e Medicina.
O estudo fornece evidências de que o treinamento de habilidades motoras é capaz de gerar melhoras mais significativas na função em curto e longo prazo quando comparado ao protocolo de exercício de força e flexibilidade. Ambos os grupos apresentaram melhoras clinicamente significantes. No entanto, o EHM demonstrou quase o dobro da melhoria na função (variação de 60%) enquanto o grupo EFF obteve uma melhora de 35%.
Quando comparado com o pré tratamento, o grupo EHM tinha um valor de dor de 32,3, que caiu para 12,8 pós-tratamento e 12,0 seis meses pós e 10,8 doze meses pós-intervenção, demonstrando que mesmo após o término, a intervenção se manteve eficaz no combate ao sintoma e melhora da funcionalidade. No grupo EFF, os resultados pré intervenção de dor eram de 32,6 e caíram para 21,2 imediatamente após o término da intervenção e continuando a decair para 18,2 seis meses pós e 16,7 doze meses após o encerramento do tratamento.
A conclusão do estudo foi que os pacientes que receberam treinamento de habilidade motora em comparação ao resistido e flexibilidades obtiveram melhoras mais significativas do que o grupo EFF.